Vou deixar um pouco o corporativo de lado e falar aqui de uma experiência pessoal, tudo bem pra vocês? =)
Tenho em casa, como diz o Nerd Pai (e vou roubar este termo até o final do texto), dois jovens padawans. Vou falar só do mais velho, hoje com 4 anos, especificamente sobre a experiência estressante e interminável de desfralde. De cocô. De dia.
Estava tudo indo super tranquilo: cuecas sujas, gritos, penicos, adaptadores, cuecas sujas, cabeçadas na parede e, acho que já mencionei, cuecas sujas. Aí com toda essa avalanche de gamificação que tomou minha vida, resolvi testar algo com meu padawan para tentar acelerar o processo.
Simplificando um pouco, gamificação é recompensar um comportamento despertando uma motivação intrínseca para mudar ou incentivar este comportamento da pessoa (padawan, no caso) usando elementos dos games para isso. Tenho uns velhos cartões de visita aqui, da época de freelancer e pensei em algo simples para começar, então vamos lá:
– Filho, agora toda vez que você fizer cocô no lugar certinho você vai ganhar uma ficha dessa, ok? Quando você conseguir juntar 10 fichas você ganha um presente bacana!
– Que presente?
É aqui que é o pulo do gato:
– O que você quer ganhar?
– Uma bicicleta!
– Então já é!
E em menos de 15 dias o danado juntou as 10 fichas… e agora?
– Agora você passou de fase! Você precisa agora juntar 20 fichas para fazer um passeio bem bacana!
– Passeio onde, pai?
Atenção de novo:
– Onde você quer ir?
– No Zoológico!!
E fizemos, eu e a mamãe (dele, não minha), tudo isso no nível hard porque quando ele estava quase conseguindo, por volta dos 3 anos, veio a padawan caçula e ele regrediu. Coisa bem comum aliás, pelas conversas que tivemos com outros pais…
Hoje ele já está craque! Escorrega um pouco quando estamos fora de casa e sem banheiro por perto, mas perto do tempo que achei que ia levar funcionou tudo muito tranquilo. Na terceira fase do nosso jogo ele ainda precisa juntar 20 fichas (além do banheiro, vale o comportamento durante o dia todo), mas agora ele perde uma ficha quando se comporta mal. Ou seja, agora a ficha tem valor para ele, tanto quanto o objetivo final (passeio etc.).
Mas o melhor é que hoje a coisa está tão intrínseca nele que ele nem pede mais as fichas, a realização do que combinamos já o empolga e o satisfaz o suficiente. E esse tem que ser o objetivo de qualquer estratégia de gamificação!
Então, só para não dizer que foi só uma historinha, o que dá pra tirar disso é que (1) não precisamos de malabarismos de regras ou de tecnologia, você só precisa saber para quem está traçando a sua estratégia de gamificação e (2) mesmo que seja algo material, a motivação intrínseca é poderosa!
Agora só falta ele começar a limpar sozinho…
Quem já teve alguma experiência com seus padawans aí? =)
Marcel Leal é designer, criativo e ilustrador. Hoje fala sobre gamificação, marketing e design para quem quiser ouvir.