Entender as formas que as pessoas interagem em e com um game são informações essenciais para os game designers. Por isso, muito se é discutido sobre quais os perfis que qualquer pessoa manifesta nesse universo após ser elevado ao estado de ‘jogador’.
Dentre muito o que se discute, os 4 perfis que o pesquisador de games britânico Richard Bartle definiu são frequentemente referenciados: Achievers, Explorers, Killers e Socialites. Ou, traduzindo livremente: Conquistadores, Exploradores, Assassinos e Socializadores.
Originalmente, Bartle definiu esses 4 tipos de jogadores de acordo com MUDs (sigla de Multi-User Dungeon), que são mundos virtuais multiplayer, geralmente construídos e regidos textualmente [veja aqui um exemplo brasileiro], que combinam elementos de RPG, narrativa digital e chats.
Na gamificação, a situação a ser analisada não é bem de um mundo medieval no qual você precisa destruir inimigos para roubar seus itens e subir de nível. Mesmo assim, um ambiente gamificado é um ambiente com mecânicas e dinâmicas de um jogo, o que implica não só diversão, mas coloca em evidência a grande questão filosófica da motivação das pessoas tornarem-se ‘jogadoras’. É aí que entram os perfis de Bartle. Apresentando de uma forma mais específica, ou seja, considerando uma situação de gamificação, eles podem ser entendidos assim:
Conquistadores (Achievers)
São movidos por objetivos no jogo para se destacar dos outros jogadores, geralmente alguma forma de acumular pontos – sejam eles pontos de experiência, níveis ou mesmo cupons de desconto. Eles serão atraídos por um inventário de badges ou troféus, por exemplo.
Exploradores (Explorers)
São conduzidos pela vontade de descobrir o máximo possível sobre o jogo, incluindo desde o mapeamento da área geográfica até a compreensão da mecânica. Eles são curiosos e vão querer entender o porquê e como cumprir um desafio proposto.
Assassinos (Killers)
Talvez a espécime mais competitiva. Os Assassinos são movidos pela vontade de impor-se e ficam satisfeitos em proporcionar momentos de agonia e ansiedade nos outros jogadores. Para que eles ganhem, alguém precisa perder (e muitos “alguéns”). São presenças frequentes no top do leaderboard.
Socializadores (Socialites)
Estão interessados em pessoas, e no que elas têm a dizer. O jogo é apenas um pano de fundo para socializarem com outros jogadores. Os socializadores são os maiores comentadores de status e os que motivam os desafios em time.
Pensar nesses 4 perfis para arquitetar o design de um jogo é não somente importante, mas handy. Vale também pontuar que esses perfis não são pequenos moldes excludentes. Um jogador com um perfil majoritariamente Socializador pode ser motivado também por outros elementos que seriam característica de Conquistadores, entre outros muitos possíveis exemplos. É então de responsabilidade do game designer elaborar dinâmicas que criem diálogos entre esses vários elementos, para que haja interação e equilíbrio, despertando ainda mais a motivação dos usuários-jogadores.
Ficou curioso em ver o artigo do Bartle? Confira aqui.