O conceito de círculo mágico foi criado por Johan Huizinga em seu livro Homo Ludens, uma referência quase obrigatória para os profissionais das áreas relacionadas aos jogos.
Quando jogamos, uma nova realidade é criada e estabelecida e deve ser aceita por todos os jogadores. Nesta realidade, as coisas deixam de funcionar como estamos acostumados: clima, física, biologia… inclusive as pessoas. Somos diferentes e agimos de forma diferente quando estamos jogando.
O círculo mágico nos ajuda a entender como funciona o processo de aprendizagem quando nos utilizamos das técnicas dos jogos. Antes de entrarmos no círculo temos apenas a nossa realidade como referência. Nossos problemas e dúvidas só podem ser solucionados com base nesta realidade e em nossos conhecimentos adquiridos através dela.
Assim que entramos neste círculo mágico as coisas ganham uma nova dimensão e significado. Elas podem se comportar e se interligar de formas diferentes da que estamos acostumados fora do círculo. Através de uma experiência lúdica e com as técnicas corretas de game design, podemos apresentar novas informações de forma gradual, divertida e completamente diferente da que a nossa realidade “certinha” pode oferecer. Por exemplo, pense em aprender conceitos de mecânica ajudando o próprio Leonardo da Vinci a resolver seus problemas na idade média (ouça a entrevista com a Tatiana, PUC Campinas).
Então, quando saímos deste círculo mágico, temos toda a nossa percepção sobre o assunto alterada pela imersão e pelas experiências vivenciadas dentro dele. É como se enxergássemos, quase que inconscientemente, novas maneiras de entender um tema ou resolver um problema.
Por fim, um grande ponto de sucesso na criação deste círculo mágico e de um projeto de gamificação: as regras devem claras e simples (na medida do possível). E ainda mais importante: como qualquer outro jogo, estas regras devem ser aceitas voluntariamente por seus participantes. Por isso falamos sempre sobre entender muito bem o seu público antes de qualquer outra coisa para adequar a sua linguagem e conseguir a adesão de todos os colaboradores. A tal ponto de termos uma imersão onde os próprios participantes irão patrulhar esta realidade acordada pelo círculo mágico, inibindo os “trapaceiros”, engajando todos os colaboradores e garantindo o sucesso e a efetividade do projeto.
Quer saber mais sobre este tema? Homo Ludens, Johan Huizinga (1938), vale a leitura! =)
Marcel Leal é designer, criativo e ilustrador. Hoje fala sobre gamificação, marketing e design para quem quiser ouvir.