Sempre que o assunto é o que nos torna mais felizes vem à tona a discussão da motivação extrínseca versus a motivação intrínseca. E você sabe o que é isso? E será que você, que joga o seu vídeo game, o seu futebolzinho no final de semana ou até mesmo aquela partida de xadrez com o seu velho estão sendo motivados por qual delas? E a gamificação, onde entra nisso?
A motivação extrínseca está muito ligada a recompensas que lhe são dadas como reforço por algum tipo de comportamento, enquanto que a intrínseca vem por um motivo ou necessidade pessoal. No exemplo mais comum, quando você estuda para uma prova de História, você pode encontrar a forma intrínseca de motivação, quando o faz por querer aprender sobre aquele determinado assunto, ou em sua forma extrínseca, quando você estuda porque será recompensado por uma nota.
E os estudos da psicologia mais do que comprovaram que a felicidade está longe de estar ligada à motivação extrínseca. Quanto maiores forem as recompensas, como dinheiro ou fama, maiores serão as nossas exigências e nunca ficaremos satisfeitos. Existe até um nome bacana dado pela psicologia para este efeito: adaptação hedonista. E nem vamos aqui mencionar outras coisas relacionadas com a motivação extrínseca como a bebida e as drogas. E querem saber algo também ruim? Quanto mais gastamos nossa atenção para a motivação extrínseca, menos tempo teremos para a intrínseca, que é quem realmente traz a fonte inesgotável para a felicidade.
Falemos então dela, a motivação intrínseca. Vem de dentro, e a atingimos quando fazemos algo que apenas o ato de fazê-lo é suficiente. E quando a psicologia positiva diz que “nós somos a única fonte da nossa própria felicidade”, não é só uma metáfora. E também temos um termo bacana para este tipo de experiência, são as experiências autotélicas. Neste momento, nossa mente e corpo disparam uma série de processos químicos que vão nos levar a encontrar o prazer, a satisfação, a estase, amor, e outras várias formas de alegria. Vamos conhecer um pouco destes processos? Vejamos:
– Um desafio bem difícil de cumprir (por exemplo, terminar aquela atividade em menos tempo): nesta condição, nosso corpo sobre um bombardeio de adrenalina, o hormônio da excitação, que nos mantém ligados
– Um desafio que é complexo como, por exemplo, resolver um enigma: aqui, já são 3 os elementos que são produzidos, um verdadeiro cocktail: noradrenalina, novamente a adrenalina e a dopamina (já vamos falar deste no próximo item).
– Quando fazemos alguém sorrir ou rir, temos uma grande produção de dopamina, que está associada com o prazer e as recompensas. Não é difícil então fazer o vínculo com a necessidade das atividades sociais, de termos outras pessoas ao nosso lado que nos permitam vivenciar essas experiências.
E na vida real, atualmente, nos é vendido muito mais de motivação extrínseca, o Sonho Americano, dinheiro, status, fama, dentre outros. Como assim? A motivação intrínseca é aquela que devemos perseguir e nos vendem a outra? Como assim? Bom, é só pensar que ninguém nunca conseguirá vender o que somente você é capaz de produzir e de forma personalizada, para você mesmo.
E façamos então um gancho conosco, os gamers. Felizmente nossa maior fonte de motivação é a intrínseca. Não jogamos porque ficaremos mais ricos, melhores profissionalmente ou ainda porque ficaremos mais famosos. Jogamos porque sentimos um sentido naquilo, somos desafiados e recompensados quando superamos estes desafios. E quando jogamos com nossos amigos, temos a sensação de fazer parte de uma comunidade e de um projeto importante. É o nosso mundo. Um mundo poderosíssimo, fundado na motivação intrínseca e lastreado pelos estudos da psicologia positiva, e que vem naturalmente cada vez angariando mais e mais gamers.
E, talvez, seja um bom momento para expandir este mundo para outras experiências do nosso dia a dia. E é aí que a gamificação entra!
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